
André Curti e Artur Luanda Ribeiro, da Cia. Dos à Deux. Crédito: Annelize Tozetto.
“Qualquer árvore que queira tocar os céus precisa ter raízes tão profundas a ponto de tocar os infernos.” A frase é do psiquiatra suíço Carl Jung e dá uma pista do que esperar da performance “Enquanto Você Voava, Eu Criava Raízes”, da Companhia Dos à Deux, em cartaz na Mostra Lucia Camargo do Festival de Curitiba. Serão duas sessões, dias 8 e 9 de abril, respectivamente às 20h30 e às 19 horas, no Teatro Zé Maria.
“O espetáculo é sobre a grande jornada metafísica de dois homens que se perdem em si e tentam resgatar a si mesmos”, explica Artur Luanda Ribeiro. Ele e o parceiro André Curti são os grandes responsáveis pela montagem. Assinam direção, dramaturgia, cenografia e coreografia, além de subirem ao palco.
A música, por sua vez, é obra do compositor italiano Federico Puppi, o mesmo que acompanhou a atriz Vera Holtz em “Ficções”, peça que por duas vezes lotou o Guairão nesta edição do Festival.
“Enquanto Você Voava” é uma fusão de teatro físico, artes plásticas e cinema. Por isso, quem for ao Teatro Zé Maria assistirá a uma apresentação extremamente poética e sensorial. “É como estar dentro de um sonho – e também de um pesadelo”, avisa André Curti.
“As reações do público são as mais variadas possíveis”, continua ele. “Tem gente que se identifica muito com a dor presente ali no palco. Outros, entram numa viagem que, na verdade, eu nem saberia te explicar. É algo muito íntimo.”
As obras da Companhia Dos à Deux costumam mesmo ter essa pegada mais aberta às interpretações. Artur e André têm preferência pelas narrativas não-lineares, montadas sempre a partir de pequenos poemas – nesse caso, o próprio título, “Enquanto você voava, eu criava raízes” – ou mesmo de uma única palavra. “Já falamos, por exemplo, de migração, exclusão e loucura. Dessa vez, queríamos falar sobre o medo”, conta André.
“É um espetáculo rodeado de sombras. Todos nós, em momentos diversos da vida, caímos em algum abismo e tentamos novamente nos encontrar”, completa o colega.
A atual performance começou a ser concebida antes da epidemia global de covid-19, mas foi lapidado durante o período de reclusão. “Somos pesquisadores do corpo. Então, enquanto a gente não tinha uma data de estreia, continuou pesquisando. É o nosso trabalho”, lembra Artur.
Fundada há 25 anos, em Paris, Companhia Dos à Deux faz sua estreia no Festival de Curitiba. “É uma grande honra estar aqui. Este Festival está celebrando os encontros, as trocas. Isso é muito importante, depois de tudo o que a gente viveu.”
Serviço
O que: “Enquanto você voava, eu criava raízes”, no 31.º Festival de Curitiba
Quando: 08/04, às 20h30, e 09/04 às 19h
Onde: Teatro Zé Maria
Classificação: 18 (contém cenas de nudez)
Valores: R$ 80 e R$ 40 / (mais taxas administrativas)
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L3), de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h
Por Sandoval Matheus – Agência de Notícias do Festival de Curitiba