Musical “Leci Brandão – Na palma da mão” refaz a trajetória de uma das principais sambistas dos Brasil, pioneira indiscutível da nossa música

Por Sandoval Matheus

Às vésperas de completar 80 anos no próximo mês de setembro, uma das lendas vivas do samba vê sua história ser contada sob as luzes da ribalta. O musical “Leci Brandão – Na palma da mão” chega agora à Mostra Lucia Camargo, com sessões nos dias 01 e 02 de abril, no SESC da Esquina.

O espetáculo, que deu ao diretor Luiz Antonio de Pilar o Prêmio Shell, principal distinção do teatro brasileiro, passa pela primeira vez pela região sul.

No palco, a trajetória de Leci Brandão é contada por três intérpretes, que nunca saem de cena: as atrizes Tay O’Hanna e Verônica Bonfim incorporam, respectivamente, Leci Brandão e sua mãe, Dona Lecy. Já o ator Sérgio Kauffmann representa personagens masculinos que passaram pela vida da cantora, como o líder comunitário Zé do Caroço, inspiração de uma de suas músicas mais famosas.

“A história é contada sob o ponto de vista da mãe, referência maior na vida de Leci. São reminiscências dela. A ideia foi construir um espetáculo cujo arcabouço mostrasse toda a tradição familiar e religiosa, o respeito e a educação de uma família preta, que a Leci traz”, resume o diretor. A pesquisa e o texto são do jornalista e escritor Leonardo Bruno.

A montagem costura trechos narrativos com músicas escritas ao longo da carreira pela homenageada, como “Isso é fundo de quintal”, “Ombro amigo”, “Gente negra” e “Preferência”. “E o público vem junto mesmo, na palma da mão”, garante Luiz Antonio. “A gente fez uma apresentação em Bangu e a plateia quase veio a baixo. Quando o cavaquinho puxa, ninguém segura.”

O pioneirismo de Leci na música brasileira é indiscutível. Ela foi a primeira compositora a falar sobre homossexualidade, por exemplo, ainda nos anos 70, e também a primeira mulher a integrar a ala de autores de uma importante escola de samba do Rio de Janeiro, a Mangueira. “Era um universo completamente machista, mas ela foi acolhida e bancada por ninguém menos do que Cartola, por conta do talento que sempre teve.”

Fruto do imaginário carioca, Leci revelou uma outra faceta quando migrou pra São Paulo e começou a exercer cada vez mais influência nas periferias da cidade – entre seus discípulos estão Emicida, Mano Brown e Rappin’ Hood –, até se eleger deputada estadual em 2010 pelo PCB, cargo que ocupa até hoje, com votações cada vez maiores.

Da produção do musical em seu tributo, no entanto, a sambista preferiu se manter afastada. Não quis ler ou aprovar o texto, nem acompanhar qualquer outro detalhe. Teve contato com a obra apenas na estreia, como o restante do público. E foi nesse momento que o Luiz Antonio alcançou sua maior glória.

“A Leci nunca falava com a mãe sobre sua orientação sexual. Pra ela, era uma questão de respeito. Mas no espetáculo a gente faz isso acontecer, por meio da música. No fim, ela me disse: ‘Vocês fizeram por mim o que eu nunca consegui fazer’. Isso valeu mais do que o Prêmio Shell.”,

A Mostra Lucia Camargo é apresentada por Banco do Brasil, Sanepar e Tradener – Comercialização de Energia, com patrocínio de EBANX, Banco CNH Industrial e New Holland, ClearCorrect, Copel – Pura Energia, Brose, UNINTER e GRASP.

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Serviço
“Leci Brandão – Na palma da mão”
Mostra Lucia Camargo – 32º Festival de Curitiba
Data: 01 e 02 de abril, às 20h30.
Local: SESC da Esquina
Classificação: 14 anos
Duração: 85 min
Gênero: Musical

Ficha técnica
Texto e pesquisa: Leonardo Bruno
Adaptação dramatúrgica: Lorena Lima, Luiz Antônio Pilar e Luiza Loroza
Direção: Luiz Antonio Pilar
Direção Musical: Arifan Júnior
Assistente de direção: Lorena Lima
Direção de Movimento: Luiza Loroza
Figurino: Rute Alves
Cenografia: Lorena Lima
Iluminação: Daniela Sanchez
Direção de Produção: Bruno Mariozz
Atriz/Cantora: Verônica Bonfim
Ator/Cantor: Sérgio Kauffmann
Atriz/Cantora: Tay O’Hanna
Violão, clarinete e agogô: Matheus Camará
Cuíca, tantan, surdo, caixa, tamborim, congas e efeitos: Pedro Ivo
Violão, cavaquinho e xequerê: Rodrigo Pirikito
Pandeiro, atabaque, congas, repique de anel, repinique e efeitos: Thainara Castro
Preparador Vocal: Pedro Lima
Assistente de Direção Musical: Rômulo dos Anjos
Assistente Figurino: Diogo Jesus
Assistente Cenografia: Tarso Tabu
Cenotécnico: Vicente Mota
Identidade Visual: Patricia Clarkson e Rafael Prevot
Comunicação: Natasha Arsenio
Produção Executiva: Angélica Lessa
Produção: Palavra Z Produções Culturais
Idealização e Realização: Lapilar Produções Artísticas

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