De peruca nova e com “joias vindas da Arábia”, a drag queen que faz o personagem de “A Mulher Monstro” retorna ao Festival de Curitiba com críticas atualizadas após 4 anos. O ator nordestino José Neto Barbosa explicou, durante a coletiva de imprensa, realizada na manhã desta terça-feira (4), na sala Jô Soares, do Mabu Curitiba Business, que o espetáculo é direcionado para invisibilizados.
“Falamos com pessoas com deficiência, gordos e a comunidade LGBTQIAP+”, contou. O transformista esclarece não é fácil fazer tragicomédia, pois aborda assuntos provocativos em diversos aspectos. “Além do glamour, desta vez estamos mais maduros para lidar com estes discursos”, completou.
A peça, que acontecerá no Teatro Lala, às 21h15, em 05, 06 e 09 de abril, foi inspirada na infância de José, no interior do Rio Grande do Norte, quando teve seu primeiro contato com o universo teatral. “Eu me lembro que fui à atração Monga com meu irmão e eu morria de medo”, contou. A “Monga” ou “Conga” é um espetáculo que apresenta uma mulher sensual enjaulada que vira um gorila e ataca o público.
O nome “A Mulher Monstro” veio do livro “Creme de Alface”, do autor Caio Fernando Abreu, que retrata uma mulher burguesa intolerante às minorias. Em 2016, José fundiu o trauma de sua infância, como ele mesmo disse, à obra do escritor gaúcho e sua revolta com comentários de ódio nas redes sociais no contexto da situação política do Brasil. “Ao estudar este conto e relembrar minha infância, eu guardava os prints das aberrações que eu lia na internet”, disse.
Os recortes reais das falas de pessoas famosas e anônimas, incluindo discursos de familiares do ator, sobre assuntos políticos se tornaram a marca registrada da peça que já virou um clássico do Fringe. “A gente menciona, durante o espetáculo, a recente fala do deputado Nikolas Ferreira [que está sendo acusado de fazer uma fala transfóbica na tribuna da Câmara Federal, no dia 8 de março]”. José completou sua fala explicando que a peça se atualiza de acordo com os acontecimentos diários do cenário político. “Se algo de absurdo for dito hoje, nós já traremos para a peça.”
Por Luiz Felipe Caldarelli – Agência de Notícias do Festival de Curitiba
SERVIÇO
Gênero: Tragicomédia
Duração: 120m
Evento: Fringe
Classificação: 14+
Local: Teatro Lala Schneider – Sala Odelair Rodrigues, Rua Treze de Maio, 629, Centro.
Valor: Ingressos a partir de R$ 25
Não indicada para pessoas com sensibilidade/disfunção sensorial